Aurora: uma viragem na obra de Nietzsche? A inversão dos valores e o futuro da humanidade

Frequentemente incluída no conjunto das obras do chamado período intermédio, talvez subestimada, Aurora suscita actualmente um interesse renovado no seio da investigação internacional sobre Nietzsche. Testemunha-o a publicação de quatro novas traduções : em língua portuguesa (em curso, publicação prevista em 2013), inglesa (volume 5 das Complete Works of Friedrich Nietzsche, Stanford Universi23/06/2012ty Press, 2011), francesa (Flammarion, prevista para 2012) e espanhola (em curso, volume 3 das Obras Completas, Tecnos).
Em Ecce Homo, Nietzsche concede um lugar especial a Aurora apresentando este texto como um novo começo : “Com este livro começou a minha campanha contra a moral”. E define a sua originalidade a partir de dois objectivos : a “inversão dos valores” (§1) e a preocupação com “o futuro da humanidade” (§2). Porém, se a análise da moral desempenha ali certamente um papel de primeiro plano, nenhuma destas duas fórmulas aparece no livro, que dedica, em contrapartida, uma atenção particular à moralidade dos costumes, aos sentimentos de valor, à história da cultura, à paixão pelo conhecimento, ao sentimento de poder ou ainda à fisiologia.
Será Aurora uma viragem na obra de Nietzsche ? É sobre esta questão que debruçará o V Congresso do GIRN, propondo uma avaliação dos contributos deste texto.

Dawn as a Turning Point in Nietzsche’s Work ? The Revaluation of Values and The Future of Humanity

Often put on an equal footing with the other writings of the, perhaps neglected, « middle period », Dawn has recently been granted renewed attention within the international Nietzsche research, as suggested by four new translations : a Portuguese one (in progress), an English one (Complete Works of Friedrich Nietzsche, vol. 5, Stanford University Press, 2011), a French one (Flammarion, forthcoming Spring 2012), and a Spanish one (in progress, Obras completas, vol. 3, Tecnos).
As a matter of fact, in Ecce Homo, Nietzsche assigns a special position to Dawn, presenting it as a new beginning : « With this book my campaign against morality begins ». Moreover, he refers to two purposes in order to characterize its originality : the « revaluation of all values » (§ 1), and the concern for « the future of humanity » (§ 2). However, if the analysis of morality does play a leading part, none of these phrases is to be found in the book. Dawn nevertheless pays particular attention to the morality of custom, to the sense of values, to the history of culture, to the passion for knowledge, to the feeling of power, or even to physiology as well.
Is Dawn truly a turning point in Nietzsche’s work ? The Vth GIRN congress will study this question, with an eye to appreciating the potential new contributions of the book.

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